Arquivo diário: 13 de março de 2015

Como já se esperava

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva puniu Nestor Hein, diretor Jurídico do Grêmio, com uma multa de R$ 20 mil e suspensão por 30 dias porque ele criticou a absolvição na surdina do auditor Ricardo Graiche, que publicara várias manifestações racistas em uma rede social antes de condenar o Grêmio no episódio de racismo contra o goleiro Aranha, ex-atleta do Santos, em jogo do Brasileirão de 2014.

A decisão do tapetão era mais do que esperada – como você pode conferir três posts abaixo.

A cara de pau dessa gente é uma arte

Com a autoridade de quem preside a Federação Baiana de Futebol pela segunda vez consecutiva e, portanto, carrega alguma responsabilidade pelo rebaixamento do Bahia e do Vitória para a Segundona do Brasileirão, o cartola Ednaldo Rodrigues vem se destacando como uma espécie de porta-estandarte da campanha pelo fim dos pontos corridos na nossa mais importante competição futebolística.

Até aí, tudo bem. É direito seu. Não deixa de ser curioso, porém, ler no blog Dois Toques, editado por Camila Mattoso e Marcus Alves no site da ESPN, a informação de que “diz ter recebido um retorno positivo do diretor executivo de esportes da Rede Globo, Marcelo Campos Pinto” e comemora:

– Recebi do Marcelo uma resposta em relação ao que propusemos. Ele analisou e disse ser interessante uma abertura de debate sobre o assunto. A federação deu o passo dela. Fizemos a proposta e não queremos cobrar de ninguém uma posição definitiva sobre isso. Fico feliz que seja feita uma análise e que se encontre uma proposta que deixe o campeonato mais atrativo. Hoje ele não tem apelo, o torcedor perdeu o interesse.

Marcelo Campos Pinto, como sabe muito bem todo o mundo do futebol, é contra o Campeonato Brasileiro por pontos corridos desde que  a fórmula foi adotada. Aliás, desde antes da adoção da fórmula.

Realmente, é muito baixa a média de público do Brasileirão de 2003, quando foi disputado por pontos corridos pela primeira vez, até 2014:   14.211 pagantes por jogo. Mais baixa, porém, foi nas 12 edições anteriores, entre 1991 e 2002:  12.481 pagantes por jogo.

Palavra de Aidar: Muricy fica enquanto quiser

Nota oficial divulgada pelo São Paulo, com a assinatura do presidente Carlos Miguel Aidar: “O São Paulo Futebol Clube, por meio de sua Presidência e da unanimidade de sua Diretoria, diante de informações, entrevistas, notícias e interpretações distorcidas e contraditórias, provenientes de diversas fontes, vem comunicar que o Sr. Muricy Ramalho é e continuará sendo o treinador da equipe principal de futebol até o término de seu contrato de trabalho e, se o desejar, terá o vínculo profissional renovado oportunamente.

O problema é que aquilo que o sr. Carlos Miguel Aidar diz ou faz hoje nem sempre valerá amanhã.

Tudo branco no tapetão dos tapetões

O Grande Tapetão julga nesta sexta o diretor jurídico do Grêmio, Nestor Hein, “denunciado por incitar publicamente o ódio, ofensa e conduta contrária à disciplina e ética contra o STJD”, como justifica nota muito mal escrita expelida pelo próprio tribunal.

O que fez o dirigente gremista? Indignou-se com a decisão do STJD que absolveu, depois de enrolar a plateia durante meses, o auditor Ricardo Graiche, um dos cinco auditores que haviam condenado o Grêmio por manifestações racistas de seus torcedores contra o goleiro santista Aranha num jogo do Campeonato Brasileiro de 2014 e fora denunciado pela publicação anterior de vários comentários de teor debochadamente racista em redes sociais.

Nestor Hein criticou a hipocrisia do tribunal numa entrevista a Marcus Alves, publicada no site da ESPN Brasil  :

– O Grêmio foi julgado, apedrejado pelas pessoas e viu sua torcida ser estereotipada até mesmo em horário nobre. Agora, fazem isso em uma ação de compadres – ou ‘compadrio‘, como falam aqui em Porto Alegre.

E anunciou:

– Vou ter de comparecer (ao tribunal) com um prendedor nasal em virtude de seu mau cheiro. Não temos força contra o teatro que são aqueles julgamentos.

O STJD, que absolveu auditor, muito provavelmente condenará o dirigente do Grêmio. É assim que rola a bola entre os chefões do futebol brasileiro.

Aliás, entre os 39 auditores empoleirados nas cinco comissões disciplinares e no tribunal pleno, o STJD não tem um negro sequer. No tapetão dos tapetões, como se sabe, é branquinho, branquinho.