A presidente Dilma Rousseff não se cansou de repetir no discurso de apresentação da Medida Provisória 656 que autoria o refinanciamento da dívida dos grandes clubes do futebol brasileiro com os poderes públicos:
- “O nosso futebol necessita com urgência de um programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal.”
- “Agora, em uma iniciativa inédita, estamos propondo um programa que permitirá aos clubes superar dificuldades financeiras e, ao mesmo tempo, adotar boas práticas de gestão, inspiradas em experiências empresariais e nos melhores exemplos do futebol internacional.”
- “Nossa proposta coloca no centro o aprimoramento da gestão e o equilíbrio financeiro dos clubes.”
- “Vamos garantir que de fato nós transformemos os clubes em grandes entidades, em grandes entidades lucrativas.”
Tudo bem, tudo certo. Por que, então, os clubes serão obrigados, como contrapartida ao refinanciamento da dívida, a investir no futebol feminino, que é e continuará por um bom tempo claramente deficitário no Brasil?
O governo tem autoridade legal para impor a uma empresa os mercados em que ela pode atuar ou os produtos que ela pretende produzir?
Parece que o governo botou um bode em campo na esperança de que o Congresso se contente em enxotá-lo do jogo e aprove tudo o mais que está na Medida Provisória.