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Um gol a cada 15 anos – e não é o Vasco…

Nem o Vasco andava tão mal no ataque: desde o empate por 1 a 1 com a Letônia em abril de 2001 pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, a seleção de São Marino não marcava um gol fora de casa.

O pesadelo acabou: hoje, em jogo disputado em Vilnius pelas Eliminatórias da Eurocopa de 2016, San Marino foi derrotado pela Lituânia por 2 a 1, mas celebrou, como se tivesse conquistado um título, o gol do atacante Matteo Vitaioli, de 25 anos.

Sobre um certo 8 de julho

Brasil x Alemanha Felipão 087xxx

Não é uma lembrança agradável, mas tanto se está falando do 8 de julho de 2014 que resolvi desenterrar – e, em dia de luto, não há palavra mais adequada – alguns pitacos postados naquele época na coluna que escrevia no site Migalhas.

Afinal, pouco ou nada mudou no futebol brasileiro desde aqueles  7 a 1.

Se você tiver curiosidade e paciência, pode acessar as colunas na íntegra clicando aqui.

Se a impaciência com o tema não for grande o bastante para procurar mais o fazer do que ler memórias tão desagradáveis, basta ir rolando a página e conferir os pitacos que escolhi rememorar sobre o 8 de julho e os dias seguintes. Vamos lá:

♦ O jogo que a FIFA viu

Observadores técnicos e estatísticos da FIFA viram assim o jogo Brasil 1 x 7 Alemanha:

Chances de gol – Brasil 55 x 34 Alemanha

Finalizações – Brasil 18 x 14 Alemanha

Passes dentro da área – Brasil 19 x 11 Alemanha

Posse de bola – Brasil 52% x 48% Alemanha

Chutes certos – Brasil 13 x 12 Alemanha

E o mais curioso é que, segundo as estatísticas da entidade, o jogo teve 56min9 de bola corrida. Ou seja: a cada 38 segundos, um dos dois times criava uma chance de gol.

♦ Jovem é a Alemanha, Felipão!

Aparentemente sereno na entrevista coletiva após o vexame brasileiro da terça-feira, Luiz Felipe Scolari invocou o tempo de trabalho e a continuidade como exemplos para o sucesso da seleção alemã na Copa e acenou com um futuro igualmente luminoso para o Brasil, afirmando que “teremos 12, 13 ou 14 jogadores deste grupo preparados para a Copa de 2018”.

Na verdade, dos 23 jogadores de Felipão, somente Neymar, Oscar e Bernard terão menos de 30 anos na Copa que será disputada na Rússia. Farão 30 anos em 2018 o lateral Marcelo, o volante Paulinho e o meia Willian. O zagueiro David Luiz, destaque de 2014 apesar da atuação atabalhoada contra a Alemanha e candidato a líder da nova geração, e os volantes Luiz Gustavo e Ramires já terão feito 31 anos.

♦ Renovação é com a Alemanha

Não terão ainda 30 anos na Copa de 2018 os titulares Boateng, Hummels, Ozil, Muller, Kroos. Quase sempre titular agora, Goetze terá 26 anos. Hoewedes, se for à Rússia, lá desembarcará com 30 anos. Khedira terá feito 31 dois meses antes da abertura. Reservas que foram utilizados por Joachim Low no Brasil, o zagueiro Shkodran Mustafi terá 26 anos, o volante Christoph Kramer terá 27 e o meia Julian Draxler ainda não terá completado 25. O goleiro Ron-Robert Zieler chegará à Copa com 29 anos, mas muito dificilmente tomará o lugar do excepcional Neuer, que terá então 32 anos e três meses – ou seja, dois anos e meio a menos do que tem hoje o nosso Júlio César.

Toni Kroos, o meia de 24 anos que foi o grande destaque dos 7 a 1, completou contra o Brasil seu décimo jogo numa Copa do Mundo – quatro e m 2010, seis agora em 2014. Thomas Muller, que vai fazer 25 anos em setembro, já tem 12 jogos em Copas – seis na última seis nesta. Mesut Ozil tem 13 – os sete de 2010 e os seis de 2014.

Neymar, Oscar e Bernard, somados, participaram de 14 partidas da Copa.

♦ Que vergonha, gente!

É verdade: o árbitro argelino Djamel Haimuidi presenteou os holandeses, aos dois minutos de jogo, ao transformar em pênalti a falta cometida por Thiago Silva em Robben fora da área.

É verdade: De Guzmán estava impedido ao receber a bola de Robben e cruzar para David Luiz dar uma preciosa assistência que Blind agradeceu para fazer 2 a 0 aos 16 minutos.

É verdade: aos 34 minutos, o cegueta argelino também não viu o agarrão de Vlaar em David Luiz dentro da área e, portanto, roubou ao Brasil a chance de fazer 1 a 2. E, aos 20 do segundo tempo, não viu o zagueiro holandês usar o braço para cortar uma bola na área.

É igualmente verdade que o quarto lugar em 2014 é uma posição melhor do que o Brasil alcançou nas Copas de 1966 (com Pelé, Garrincha, Gerson, Tostão e Jairzinho, entre outros, no grupo), 1982 (com Edinho, Junior, Falcão, Zico e Sócrates), 1986 (com Edinho, Junior, Sócrates, Zico, Careca, Muller e Casagrande), 1990 (com Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes, Dunga, Muller, Careca e Romário), 2006 (com Cafu, Roberto Carlos, Juninho Pernambucano, Robinho, Ricardinho, Ronaldinho Gaúcho, Fred e Ronaldo) e 2010 (com Julio Cesar, Daniel Alves, Maicon, Ramires, Kaká, Luís Fabiano e Robinho). E é a mesma colocação alcançada pelo Brasil de Leão, Carpegiani, Rivellino, Paulo César Caju e Jairzinho na Copa de 1974.

Nenhuma destas verdades apaga, porém, a vergonha de termos perdido em casa por 3 a 0 para a Holanda no sábado, 12, oito dias depois de sermos goleados por 7 a 1 pela Alemanha. Vergonha maior o futebol brasileiro jamais viveu. Nem igual. É a pura verdade.

♦ Mistério

Acaba a Copa do Mundo, ficará a dúvida: onde ficou o futebol instigante e intenso da Seleção na Copa das Confederações? Como aquele Brasil compacto, organizado e insistente no ataque virou este bando dividido em linhas estanques, nervoso e cheio de pressa para se livrar da bola, como vimos em tantos momentos dos cinco primeiros jogos e quase sempre no duplo vexame diante da Alemanha e da Holanda?

Por que diabos a Seleção não conseguiu resgatar aquele futebol de um ano atrás que nos deu, mais do que a esperança, a convicção de que éramos favoritos ao título mundial, mesmo sabendo que a Alemanha viria ao Brasil com um time tecnicamente superior a todos os adversários?

♦ O que fazer?

São tantas as análises, os meros palpites, as boas e más intenções, os interesses dissimulados ou ostensivos publicados nos últimos dias sobre o que fazer com o futebol brasileiro nos próximos tempos que mal consigo digeri-los e processá-los.

Esta é uma discussão e uma tarefa de todos os brasileiros que se interessam pelo futebol. Foi a sociedade que o criou e tantas vezes o reinventou pelos campos do Brasil afora. É, portanto, a nação que pode salvá-lo mais uma vez – e não cartolas ou os governantes.

Agora que se deu a tragédia, poupo você de mais pitacos.

De qualquer maneira, se quiser ler uma palhinha do que penso sobre o assunto, dê uma olhadinha na coluna A Copa do Mundo é nossa. E daí?, publicada em 14 de abril. Para lê-la, clique aqui. Se lhe sobrar paciência, clique aqui para ler também a última coluna escrita em 2010 – A Copa do Mundo é nossa.

♦ Fim de papo

Se alguém tivesse dito que ganharíamos por 7 a 1, eu não teria acreditado, mas achei que fomos incríveis, é tudo o que posso dizer. Viemos aqui para ser campeões, estamos felizes e aliviados por seguir adiante, mas ainda falta um jogo. Ninguém ganhou a Copa do Mundo numa semifinal. 

TONI KROOS, protagonista da Alemanha que impôs à Seleção Brasileira o maior vexame em um século de história

A gente pode até dizer que sai meio perdido, né?

RAMIRES, camisa 16 do Brasil, perdidinho da silva após a derrota por 3 a 0 para a Holanda, em entrevista a Mauro Naves, da Globo.

Cuidado, Neymar: Zúñiga vem aí

Zúñiga tirou Neymar da Copa

Zúñiga tirou Neymar da Copa do Mundo

Rafa Benitez desembarcou no Real Madrid sonhando alto. Pediu simplesmente a contratação do belga Eden Hazard e do brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa, dupla que dificilmente José Mourinho deixará sair do Chelsea.

Jornais espanhóis desta segunda-feira noticiam que o novo técnico do Real quer também o colombiano Juan Zúñiga, que trabalhou com ele no Napoli e joga nas duas laterais.

A informação deve provocar calafrios em Neymar. Foi Zúñiga quem tirou o brasileiro da Copa do Mundo com uma joelhada na coluna que lhe fraturou a terceira vértebra lombar.

Aliás, daqui a dez dias, Neymar e Zúñiga devem se encontrar no Brasil x Colômbia que abrirá a segunda rodada do Grupo C da Copa da América.

Vadão acalenta os sonhos de Marta

Marta 1 Cinco vezes eleita melhor jogadora, Marta sonha com título mundialImagem: Beneclick

A alagoana Marta Vieira da Silva, cinco vezes eleita a melhor jogadora de futebol do mundo, já disse várias vezes que trocaria todos os prêmios que ganhou em sua carreira por uma medalha de ouro – de campeã mundial ou campeã olímpica.

Uma e outra estarão novamente ao alcance de Marta nos próximos tempos – daqui a pouco, entre 6 de junho e 5 de julho, no Canadá, o Brasil disputará a Copa do Mundo; pouco mais de um ano depois, na Rio 2016, brigará em casa pelo ouro olímpico.

Embora se satisfaça com um, Marta merece os dois troféus, não apenas pelo muito que  que já fez nos campos de futebol pelo mundo afora, mas também pelo que representa para a seleção do Brasil, como atesta o treinador Oswaldo Alvarez, o Vadão, em entrevista publicada hoje no site da Fifa (leia em espanhol  ou em inglês):

– Ela é o melhor exemplo do futebol feminino mundial. É constante, está sempre à disposição da equipe e em boas condições físicas. Não usa o nome nem o prestígio em benefício próprio, mas sempre em benefício da equipe. Além de ser uma jogadora extraordinária, tem um caráter excepcional.

Vadão tem uma avaliação que interessa muito a Marta, vice-campeã do mundo em 2007 e prata olímpica tanto em Atenas como em Pequim:

– Acho que as favoritas para ganhar o Mundial são as seleções que estão no topo do ranking da Fifa, o que inclui o Brasil. Estamos trabalhando para isso e temos confiança em chegar bem preparados ao Canadá. Num Mundial, porém, além de está bem preparado, é preciso ter sorte nos cruzamentos. Muitas vezes, uma equipe cai no meio do caminho por cruzar muito cedo com um grande adversário.

Vadão deixa transparecer, na entrevista, que o sonho dourado de Marta talvez esteja guardado para o ano que vem:

– Para nós, o maior objetivo é a Olimpíada de 2016.

Bem que nossa estrela maior merece os dois.