Que o futebol brasileiro tem jeito fora de campo, e assim se reajeitará naturalmente do lado de dentro, comprova, um pouco abaixo, a nota Um balanço duplamente revelador (que os muito preguiçosos podem ler simplesmente clicando aqui).
Que está difícil dar um jeito no futebol brasileiro comprova a situação aflitiva de quase todos os nossos times na Libertadores. E o que estamos acompanhando em 2015 parece até reprise do que vimos em 2014, com a esperança agora de que as coisas não desandem tanto como então desandaram.
Em 2014, o Cruzeiro caiu nas quartas, o Atlético e o Grêmio ficaram nas oitavas, o Flamengo e o Botafogo nem saíram da fase de grupos.
Em 2015, a esta altura da Libertadores, o Corinthians é exceção no quinteto brasileiro que disputa vaga nas oitavas de final: quer vencer hoje o campeão San Lorenzo no Itaquerão com a esperança, um tanto remota, de ainda fechar a primeira fase como o melhor time da competição. De quebra, a vitória corintiana ajudará o São Paulo.
O Cruzeiro, o Atlético Mineiro e o São Paulo vão ter de suar até o último minuto da última rodada da primeira fase para ir às oitavas. O Internacional, embora irregular até agora, depende das próprias forças para fechar a fase em primeiro lugar no Grupo 4. Basta vencer hoje a Universidade de Chile em Santiago e, no dia 22, The Strongest em Porto Alegre.
O futebol brasileiro não caiu tanto tecnicamente a ponto de justificar situação tão aflitiva de algumas de suas melhores equipes em duas Libertadores consecutivas. Uma explicação óbvia para este mau início, embora não única, é o calendário do nosso futebol. Mal começa a temporada, após pouco tempo de preparação, os times entram nos campeonatos estaduais e na principal competição continental.
O futebol tem de ser administrado com a competência que o Flamengo mostrou no ano passado no trato às contas por receber e a pagar. O calendário é igualmente um problema de gestão, para o qual se espera especial atenção da diretoria que, nesta quinta-feira, está assumindo o poder na CBF.
Marco Polo Del Nero, o novo presidente, tem a oportunidade de oxigenar o debate para recolher da sociedade ideias, sugestões e propostas que revigorem nestas primeiras décadas dos anos 2000 o país do futebol que ela construiu durante boa parte dos 120 anos que hoje nos separam do dia em que Charles Miller pôs a bola para rolar num campinho do Brás.
Sobram problemas, mas não faltarão soluções se a imensa torcida brasileira entrar novamente em campo.






Muricy, sempre combativo, anda abatido com o São Paulo – Imagem: Beneclick