Guerrero, ameaçado por torcedores do corintianos: e se ele resolver estrear hoje no Fla?
Estava o peruano Paolo Guerrero posto em sossego no Ninho do Urubu, acostumado a perder um jogo depois do outro, tanto que foram cinco derrotas nas últimas seis rodadas do Brasileirão, e desacostumado a marcar gols, que antes saíam com facilidade, quando uma ou duas torcidas uniformizadas do Corinthians começaram a espalhar a informação de que vão recebê-lo com hostilidades no jogo deste domingo no Itaquerão.
Fustigar o ídolo de outras e recentes temporadas alvinegras é tudo que os corintianos não deveriam fazer a esta altura do Brasileirão.
Melhor teria sido deixá-lo adormecido, tão profundamente adormecido ele estava que os corintianos mais sábios apenas se divertiam com a fase de muitas derrotas e apenas três gols no Brasileirão desde que se transferiu para o Flamengo, como se via, em variadas versões, nas redes sociais:
Guerrero prometeu que não jogaria por outro time no Brasil e cumpriu a promessa. Não está jogando no Flamengo.
O diabo é ele resolver estrear hoje com a camisa rubro-negra em pleno Itaquerão, onde o Corinthians fará um jogo fundamental em suas pretensões de desembarcar em Belo Horizonte no próximo domingo, para a parada contra o Atlético Mineiro, levando na bagagem pelo menos os oito pontos de vantagem que, antes dos jogos desta tarde, ainda separam o líder do vice-líder do Brasileirão.
Sábio conhecedor dos caminhos e descaminhos da bola, mestre Armando Nogueira ensinou há muitos e muitos anos: “Deus castiga quem o craque fustiga”.
Pode-se até considerar que Guerrero não seja verdadeiramente craque, mas com certeza é um grande goleador que não deveria ser fustigado nem antes nem durante um jogo tão importante.
E se o barulho dos torcedores, amplificado pela mídia durante a semana, acordar o goleador que estava adormecido depois de ter marcado gol em seus três primeiros jogos pelo Fla (leia a nota Nasce mais um ídolo rubro-negro, de 18 de julho)?
Roberto de Andrade, o presidente que não conseguiu segurar Guerrero no Corinthians, demonstra como é tênue a linha que separa a cartolagem das torcidas ditas organizadas:
– Se fosse me colocar no lugar do torcedor e me sentar na arquibancada, vaiaria também.
Tite, o técnico que queria manter o goleador no Corinthians, é de outra cepa:
– Guerrero tem toda uma história muito linda no Corinthians e merece todo o meu respeito. Tem uma história a ser respeitada e eu o respeito Se eu fosse torcedor, não vaiaria. Eu apoiaria todos os jogadores do Corinthians.
Tite mira o gol:
– Eu estou focado, muito focado, na preparação da equipe para o jogo.
É de foco que o Corinthians precisa. Desviá-lo para o ressentimento com o ídolo que se foi é bom para o Flamengo – e, mais ainda, para o Atlético Mineiro!