Corinthians comemora título em São Januário – Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians
Qualquer estagiário de Fisiologia sabe que as 46 horas de intervalo entre Brasil 3 x 0 Peru e o Vasco x Corinthians decisivo para ambos eram insuficientes para a completa recuperação muscular de Gil, Elias e Renato Augusto, que tinham jogado os 90 minutos em Salvador.
Esquecida a disparidade técnica entre os dois times, é quase natural que o Vasco tenha determinado o andamento do jogo em boa parte do primeiro tempo, pelo menos até os 30 minutos, com mais presença no campo ofensivo e maior número de finalizações.
Nos 15 minutos seguintes, o Corinthians se impôs, adiantou suas linhas e chegou mais perto de abrir o placar. O Vasco se desconcentrou, passou a ceder espaço no meio de campo, perdeu a força de ataque.
No segundo tempo, o Vasco retomou o ritmo inicial, com mais posse de bola e maior força no ataque.
Como se tivesse preservando as forças parcialmente gastas dois dias antes na Seleção, o Corinthians recolheu-se ao campo de defesa para apostar no contra-ataque.
Antes dos 15 minutos, Jorginho trocou Rafael Silva por Jorge Henrique e Tite resolveu substituir Renato Augusto, o mais cansado do trio que veio da Seleção, por Rodriguinho.
Em seguida, o vascaíno Rodrigo fez uma falta escandalosa em Malcom, acertando a chuteira na cabeça do corintiano quase na altura do Cristo Redentor, e foi imediatamente expulso pelo bom árbitro Anderson Daronco.
Com 11 contra 10 em campo e mais meia hora de jogo pela frente, que mais o Corinthians poderia querer na noite inesquecível desta quinta-feira?
O São Paulo ia trucidando o Atlético Mineiro no Morumbi até chegar aos 4 a 2 que dariam matematicamente o título ao Corinthians qualquer que fosse o resultado em São Januário.
E não é que, com 10 contra 11 corintianos, o Vasco fez 1 a 0, gol de Julio Cesar, quando Riasco já tinha dado lugar a Éder Luís e Elias tinha sido trocado por Lucca?
E foi o talismã Lucca, depois de perder duas vezes a chance de empatar o jogo, que desviou a bola para Vágner Love fechar o placar em 1 a 1, enlouquecer de vez a pequena parcela de corintianos em São Januário, arrancar lágrimas de Renato Augusto à beira do gramado e espocar fogos em toda São Paulo.
Como estava escrito desde antes do retorno de Charles William Miller com algumas bolas e um livro de regras para plantar por aqui as sementes do esporte que encantava os ingleses, o Corinthians é o campeão brasileiro de 2015. Hexacampeão!