Arquivo da categoria: Copa América

O Chile que se cuide: a Argentina desencantou

Messi e Higuaín 306 6 a 1Messi, onipresente, e Higuaín, autor do último gol, comemoram os 6 a 1 sobre o Paraguai

Ele só não fez gol. Nem precisava. Rojo, Pastore, Di Maria, em dose dupla, Agüero e Higuaín trataram de fazê-los em quantidade que deve preocupar o Chile na final do sábado em Santiago.

Mais econômico do que nos acostumamos a vê-lo nos últimos tempos com a camisa do Barça, mas também ainda mais combativo e onipresente no campo de ataque, decisivo como sempre, Messi participou dos seis gols argentinos, ora arquitetando o início da jogada, ora fazendo a assistência para a conclusão dos companheiros.

O Paraguai não deu sorte no jogo. Ficou sem Derlis González aos 20 minutos, quando já perdia por 1 a 0,  e sem Roque Santa Cruz aos 28, quando a Argentina tinha acabado de fazer o segundo. Sempre valentes e combativos, os paraguaios ainda conseguiram diminuir o placar, com um gol de Lucas Barrios aos 42 minutos.

A esperança de uma reação no segundo tempo acabou logo no primeiro minuto. Di Maria fez 3 a 1 e, dali em diante, a Argentina tratou de fazer um gol atrás do outro, trucidando os paraguaios como se estivessem mandando um recado aos chilenos que irão à final ainda esperançosos em conquistar pela primeira vez o título da Copa América, mas certamente mais desconfiados do que estavam antes que a bola rolasse esta noite em Concepción.

E se Messi tiver guardado seus golzinhos para o Estádio Nacional?

Uma noite de sofrimento para Tata Martino

Tata Martino: confronto indesejado com antigos pupilos

Tata Martino: confronto indesejado com antigos pupilos

Pelo que se ouviu na entrevista coletiva, não será uma noite de alegria para o argentino Tata Martino:

– Não queria pegar o Paraguai. São muitas coisas em comum, muitos sentimentos, várias coisas juntas. Foi um processo longo, duas Copas Américas, um Mundial, uma relação antiga com vários jogadores. Muitos deles foram treinados por mim. Ajudei-os a crescer como jogadores e eles me ajudaram a crescer como treinador. Tiveram uma grande influência em tudo o que acontece na minha carreira.

São palavras sinceras do treinador que comandou a seleção paraguaia por quase cinco anos e a conduziu à sua melhor campanha em uma Copa do Mundo, chegando às quartas de final na África do Sul em 2010.

O problema é que hoje, no comando da seleção argentina, ele tem de enfrentar o Paraguai pela segunda vez nesta Copa América, agora valendo uma vaga na final, contra o Chile.

E do lado paraguaio, há quem não esteja tão sensibilizado assim com o drama vivido pelo argentino. O atacante Haedo Valdez, em entrevista ao site da Conmebol, dá a medida da disposição paraguaia para o confronto das 20h30 em Concepción:

– O Paraguai tem de jogar de igual para igual com a Argentina na semifinal e não se mostrar inferior, como ocorreu na fase de grupos. Contra o Brasil encaramos de outro jeito, jogamos de igual para igual.

Se jogar como jogou no primeiro tempo do 2 a 2 com os paraguaios em La Serena, pela  rodada de abertura do Grupo B, a Argentina estará garantida na final de sábado em Santiago. Se recair na bobeira que a dominou no segundo tempo, a equipe atual de Tata Martino continuará em Concepción para disputar com o Peru na sexta-feira o terceiro lugar desta Copa América.

A seleção argentina é muito, muito superior à paraguaia, principalmente no meio de campo e no ataque, mas curiosamente marcou apenas quatro gols nos quatro jogos disputados até agora na Copa América e não sai do 0 a 0 em jogos decisivos, como o desta noite, desde as semifinais da Copa do Mundo de 2014.

De lá para cá, empatou por 0 a 0 com a Holanda em 120 minutos de bola em movimento, perdeu por 1 a 0 para a Alemanha em outros 120 e, já na Copa América, empatou por 0 a 0 com a Colômbia o jogo das quartas de final.

Talvez Tata Martino devesse se preocupar mais com Messi, Agüero, Pastore, Di Maria, Lavezzi e Tévez do que com seus antigos pupilos paraguaios.

Não foi fácil, mas o Chile está na final da Copa América

Vargas 1 a 0 296       Vargas garante a vitória por 2  a1 sobre o Peru e coloca o Chile na decisão do título

Foi o melhor jogo desta Copa América, muito mais difícil do que os chilenos esperavam. O Peru não entregou os pontos nem depois de ficae com dez em campo, logo aos 19 minutos, quando José Argote mostrou o segundo cartão amarelo a Zambrano e tirou-o do jogo.

Muito simpático aos anfitriões, o árbitro venezuelano foi rigoroso demais com os visitantes.Enquanto o jogo era de 11 contra 11, o Peru tinha chegado mais perto de abrir o placar. Com um homem a mais, o Chile retomou passou a ditar o ritmo da partida, embora sem a volúpia ofensiva de outras jornadas.

Aos 41, novamente beneficiados pela arbitragem, os chilenos finalmente fizeram 1 a 0.

Aléxis Sanchez fez boa jogada, entrando em diagonal na área de Gallese pelo lado esquerdo, e tocou com categoria para o gol. No caminho, Aránguiz fez um corta-luz, a bola bateu no poste esquerdo de Gallese e voltou para Vargas, impedido e meio atrapalhado, tocar de leve para o gol.

Estava decidido o jogo?

Talvez, se aos 3 minutos do segundo tempo um novo erro da arbitragem não tivesse beneficiado os peruanos. Vargas fez mais um para o Chile, desta vez em posição legal, mas Argote erradamente marcou o impedimento assinalado pelo bandeirinha.

Os peruanos redobraram a disposição de procurar o empate. E, aos 15, chegaram ao 1 a 1 com um gol contra de Medel.

Demorou pouco a alegria do Peru. Três minutos depois, com um chute forte e venenoso de muito longe, Vargas surpreendeu Gallese e fez 2 a 1 para o Chile.

Foi tudo. Agora os chilenos vão torcer pelo Paraguai amanhã contra a Argentina, guardando forças, porém, para a grande final do sábado.

É o Chile de Sampaoli contra o Santo Guerrero

Sampaoli: "Não podemos perder a bola"

Sampaoli elogia ataque peruano: “Não podemos perder a bola”

Um Paolo Guerrero, mesmo ajudado por Pizarro, Farfán e Cueva, não bastará ao Peru para tirar hoje do Chile de Aránguiz, Vidal, Valdivia, Alexis Sánchez e Vargas, no Estádio Nacional de Santiago, o sonho de chegar à final da Copa América, provavelmente contra a Argentina, e vencê-la.

Chegar à final, a esta altura da Copa América, não será tão difícil assim para os chilenos, haverão de concordar até os peruanos mais sensatos. Conquistar o caneco, que o Chile jamais conquistou, é que é o xis do problema.

Pelo futebol mostrado até agora nesta edição da mais antiga competição entre seleções de futebol em todo o mundo, nenhuma equipe merece mais o título do que o Chile que Jorge Sampaoli vem cuidadosamente azeitando desde 2012.

O problema dos chilenos é que o time da Argentina lhes é tecnicamente superior e tem um tal de Lionel Messi.

O estilo ofensivo e corajoso, às vezes temerário, adotado a partir de 2007 por Marcelo Bielsa e retrabalhado nos últimos anos por seu pupilo Sampaoli, implica em riscos defensivos que os argentinos não costumam perdoar.

Basta, no entanto, de levar este papo como se peruanos, hoje, e paraguaios, amanhã, não estivessem também buscando nos campos chilenos o caneco ou, pelo menos, a participação na grande final marcada para o sábado, 4 de julho.

Uma olhada no vídeo  em que a Federação Peruana de Futebol propagandeia seu otimismo nos mostra que os chilenos enfrentarão às 20h30, em seu Estádio Nacional, 11 guerreiros dispostos a provar que favoritismo não decide jogo.

Sampaoli sabe o que vem pela frente:

– O Peru tem um quarteto ofensivo muito difícil de enfrentar, com Guerrero, Farfán, Cuevas e Pizarro, e dois volantes bastante aguerridos. Não podemos perder a bola e permitir que ela chegue aos atacantes deles.

Tradução: o Chile, como tem feito até agora, vai brigar pela bola o mais próximo possível da meta de Gallese; o Peru vai apostar nos contra-ataques, esperando que eles se encerrem nos pés do seu Santo Guerrero.

Os argentinos goleiam na chegada

Quarteto argentino nas semifinais: Martino, Sampaoli, Díaz e Gareca

Quarteto argentino nas semifinais: Martino, Sampaoli, Díaz e Gareca

Era verdade que eles largaram perdendo feio, como registou o blog em 15 de junho na nota Os argentinos saem perdendo de goleada, mas o troco veio em altíssimo estilo na reta final.

São todos hermanos os treinadores que estão disputando as semifinais da Copa América: Tata Martino (Argentina), Jorge Sampaoli (Chile), Ramón Díaz (Paraguai) e Ricardo Gareca (Peru).

Portanto, o futebol argentino poderá festejar o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto lugares na Copa América.

Nem por isso Tata Martino está liberado para dar passagem a um compatriota.

Brasil quis pouco e ficou sem nada na Copa América

González: decisivo para o Paraguai

González: decisivo para a classificação do Paraguai

Não chegava a ser um domínio claro, até porque a bola ficava mais tempo em pés brasileiros, mas o Paraguai parecia mais disposto a ganhar o jogo até que, aos 14 minutos, Robinho fez 1 a 0 para o Brasil e ficou a impressão de que a maré ia mudar.

Foi um gol desenhado com as tintas que os brasileiros esperam quando a Seleção entra em campo. Robinho recebeu na intermediária paraguaia a bola passada por Felipe Luís, limpou o lance com um belo toque em torno do marcador, fez o passe para Elias, que encontrou Daniel Alves aberto na direita, de onde partiu o cruzamento na medida para Robinho fazer o gol.

É assim que se joga, mas não foi assim que o Brasil continuou jogando.

É verdade que, até o fim do primeiro tempo, o time manteve a superioridade que o 1 a 0 lhe assegurara, mas sem levar muito perigo ao gol de Villar. Mesmo assim, se tinha a impressão de que a qualquer momento o Brasil reencontraria o caminho do gol e decidiria de vez a classificação para a semifinal.

O Paraguai, porém, não se entrega facilmente. Já se tinha visto tal filme nesta Copa América. Contra a Argentina e contra o Uruguai, os paraguaios saíram perdendo e foram buscar o empate.

Foi o que fizeram novamente neste sábado em Concepción.

O Brasil de Dunga voltou para o segundo tempo menos disposto a atacar. Cedeu a iniciativa do jogo, esqueceu o toque de bola e a troca de passes, apelou insistentemente para os chutões e foi abrindo espaço para as manobras ofensivos dos paraguaios.

Este Brasil se satisfaz com pouco.

Um pênalti bobo de Thiago Silva, erguendo demasiadamente o braço numa disputa de bola pelo alto, deu a González a chance de empatar o jogo e transformar em pó o pouco que já satisfazia os brasileiros.

Ainda restavam 25 minutos e até que o Brasil se reanimou um pouco, mas Robinho já não tinha o dinamismo do primeiro tempo e nem o meio de campo nem o ataque, com exceção de Philippe Coutinho, se acertavam no trato com a bola.

O jogo chegou ao fim com os paraguaios festejando o 1 a 1 que levou a decisão da vaga na semifinal para os pênaltis. Eles tinham razão. Resultado: Brasil 3 x 4 Paraguai.

Na terça, Concepción vai ver a reprise do jogo que La Serena viu na primeira rodada do Grupo B desta Copa América. Agora, Argentina x Paraguai valerá vaga na final. González fechou a série.

E por querer pouco, a Seleção perdeu muito: além de cair fora da Copa América,  não disputará a próxima Copa das Confederações nem contará com Neymar nos dois primeiros jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.

Hoje tem espetáculo em Concepción. Será?

Willian: Paraguai na mira, Argentina no horizonte – Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Willian: Paraguai na mira, Argentina no horizonte – Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Está pronto o palco para o espetáculo desta noite.

Espetáculo?

É o que se espera de artistas acostumados a brilhar nos melhores palcos da Europa.

O daqui demorou um pouco para ficar pronto.

A reforma acabou sendo mais longa e mais cara do que o previsto, mas, a dois dias do espetáculo deste sábado, o palco foi reinaugurado com discurso festivo da presidenta e muitas manifestações iradas do lado de fora contra os U$ 50 milhões gastos nas obras.

Diferentemente do que você pode estar imaginando, falamos do Chile, especificamente do Estádio Ester Roa Rebolledo, em Concepción, onde se definirá, a partir das 18h30, o último semifinalista da Copa América – Brasil ou Paraguai.

O vencedor do jogo desta noite vai enfrentar na terça-feira, de novo na casa reinaugurada por Michelle Bachelet, a Argentina que ontem venceu a Colômbia nos pênaltis depois do 0 a 0 nos 90 minutos.

A gente quer espetáculo, mas a Seleção não quer falar em show. Na entrevista coletiva de ontem, o lateral Filipe Luís já tratou de avisar sobre os paraguaios:

– Eles se fecham bem na defesa e buscam o contra-ataque para ganhar os jogos. Precisamos estar atentos em todos os momentos para não sermos pegos em desvantagem na defesa.

Esperemos, então, um Brasil mais cuidadoso do que disposto a mostrar enfim um futebol minimamente empolgante nesta Copa América. O time está em formação e precisa se cuidar, parece querer dizer o técnico Dunga ao reclamar:

– Acho injustas a cobrança e a pressão que estão colocando sobre a atual Seleção Brasileira. Nossos jogadores merecem respeito, estão empenhados, treinando, trabalhando, em busca de um objetivo que é ganhar uma competição das mais difíceis, que é a Copa América.

O técnico brasileiro recorreu até à história para defender o time atual:

– O Brasil ficou 40 anos sem ser campeão e tinha seleções tidas como espetaculares, com grandes jogadores, craques indiscutíveis. E não ganhou. Então, não entendo por que esta Seleção, que tem muitos jogadores que nunca disputaram uma Copa América, tem de sofrer tanta cobrança.

Dunga tem alguma razão, mas o Brasil não pode se acanhar diante do Paraguai de Roque Santa Cruz e Lucas Barrios, uma seleção muito batalhadora e pouco criativa que joga a salvação na Copa América depois de ter ficado de fora da última Copa do Mundo.

O Brasil joga no Estádio Ester Roa para resgatar o prestígio do futebol cinco vezes campeão do mundo antes de sofrer em casa o vexame histórico de 2014.

O Brasil de Robinho, Willian, Philippe Coutinho e Firmino tem de entrar em campo com o Paraguai na mira, e a Argentina no horizonte. Não é hora ainda de voltar para casa.

Tévez garante a Argentina nas semifinais

Tévez: o pênalti da classificação argentina

Tévez: depois do 0 a 0 no jogo, o pênalti da classificação argentina

A Argentina mandou no jogo no começo ao fim, embora mais uma vez nesta Copa América não tenha conseguido manter no segundo tempo o ritmo forte e impetuoso do primeiro.

E só por isso a Colômbia conseguiu se safar nos 90 minutos, devendo principalmente ao goleiro Ospina o 0 a 0 que levou para os pênaltis a decisão da terceira vaga nas semifinais.

Na metade do primeiro tempo, José Pekerman já se deu conta de que a encrenca era maior do que havia imaginado e tratou de recuar as linhas para evitar a catástrofe que  Messi, em noite de muita dedicação e pouca inspiração, e companhia iam progressivamente semeando. Trocou Téo Gutierrez por Cardona.

De pouco adiantou povoar mais o meio de campo colombiano, pois a Argentina continuou forçando o jogo no ataque e, se não fossem dois milagres de Ospina no mesmo lance, salvando com o pé um toque rasteiro de Agüero e com as mãos o toque de cabeça de Messi, teria liquidado a fatura já no primeiro tempo.

No segundo, os argentinos acertaram duas vezes as traves de Ospina, que fez pelo menos mais um milagre. A Colômbia continuou se defendendo, mas pelo menos conseguiu ultrapassar o campo de defesa e, embora raramente, chegar ao gol de Romero, que só foi aparecer de verdade ao defender a cobrança de Zúñiga na decisão por pênaltis, vencida pela Argentina por 5 a 4.

Tévez, que substituiu Agüero aos 27 do segundo tempo, cobrou o pênalti da classificação.

Não são muitas as seleções pelo mundo afora que têm um Tévez no banco de reservas.

A Argentina tem.

Imagem do dia: conjunto afinado

Seleção colagem 2Seleção colagem 1

Além da bola, o que é mesmo que une (ou separa) esta rapaziada convocada pelo regente Dunga para tocar em conjunto a banda brasileira na Copa América?

Willian, Elias, Daniel Alves, Robinho, Thiago Silva e Philippe Coutinho não são os únicos que raramente se separam dos fones de ouvido nas andanças da Seleção.

Fotos: Rafael Ribeiro/CBF

Já imaginou o Brasil em oitavo lugar na Copa América?

Saiba você, navegante nas águas deste blog, que a internet brasileira é mais lenta do que a de Uruguai, Chile, México, Argentina, Colômbia, Peru e Equador.

No ranking da Fifa, estaríamos não em quinto lugar – como estamos no futebol, para vergonha de todos nós – e, sim, em 89°, como no mundo da bola está a seleção da Bolívia.

No mundo em que circulam bits e bytes, mais lentos do que nós em nossa América Sul, só o Paraguai, a Venezuela e a Bolívia.

Os dados são do último levantamento State of the Internet, feito agora em 2015, pela Akamai Technologies, empresa norte-americana especializada em serviços de nuvem e redes de entrega de conteúdo.

E a gente ainda fala mal do futebol brasileiro… com razão, evidentemente!