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Análise concluída: Del Nero fica por aqui

Marco Polo Del Nero: longe da Seleção

Marco Polo Del Nero: longe da Seleção

Marco Polo Del Nero, presidente da CBF que não sai do Brasil desde que retornou da Suíça em seguida à prisão de José Maria Marin, respondeu ontem a um repórter que lhe perguntou se acompanhará a Seleção aos Estados Unidos em setembro:

– Estou analisando. Não há nenhum óbice às minhas viagens. Posso ir a qualquer lugar do mundo.

‘Óbice’, registra o Aurélio, tem diversos significados – similares, é claro, mas não exatamente iguais: ‘impedimento, embaraço, empecilho, obstáculo, estorvo’.

De fato, não há impedimento a viagens do presidente da CBF, mas ir agora aos EUA pode lhe causar embaraços.

Este blog apurou que a análise anunciada por Del Nero já foi concluída: ele não vai.

O time não precisa ser velho para ser experiente

Em 25 de julho, durante o sorteio em São Petersburgo dos jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo, Dunga lamentou a pouco experiência da Seleção que tinha disputado a Copa América no Chile:

– No nosso grupo, apenas três jogadores haviam jogado uma Copa América ou as Eliminatórias. Outros até fizeram parte do grupo, mas experiência se adquire jogando, não adianta ir à biblioteca ler livros. É dentro de campo. As seleções com média de 27, 28 anos, jogaram de uma forma mais segura. Tivemos de nos adequar e agora sabemos como vão ser as Eliminatórias.

O argumento tinha sido usado por Luiz Felipe Scolari após o vexame na Copa do Mundo de 2014, seguido da promessa: “teremos 12, 13 ou 14 jogadores deste grupo preparados para a Copa de 2018”.

Dunga tem boas razões para renovar aquele grupo, mas nesta quinta-feira voltou a confundir a média de idade do time com a experiência em campo. O time não precisa ser velho para ser experiente, como lembrei numa coluna  que assinava no site Migalhas durante a Copa do Mundo e me permito repetir parcialmente aqui:

Na verdade, dos 23 jogadores de Felipão, somente Neymar, Oscar e Bernard terão menos de 30 anos na Copa que será disputada na Rússia. Farão 30 anos em 2018 o lateral Marcelo, o volante Paulinho e o meia Willian. O zagueiro David Luiz, destaque de 2014 apesar da atuação atabalhoada contra a Alemanha e candidato a líder da nova geração, e os volantes Luiz Gustavo e Ramires já terão feito 31 anos.

Renovação é com a Alemanha.

Não terão ainda 30 anos na Copa de 2018 os titulares Boateng, Hummels, Ozil, Muller, Kroos. Quase sempre titular agora, Goetze terá 26 anos. Hoewedes, se for à Rússia, lá desembarcará com 30 anos. Khedira terá feito 31 dois meses antes da abertura. Reservas que foram utilizados por Joachim Low no Brasil, o zagueiro Shkodran Mustafi terá 26 anos, o volante Christoph Kramer terá 27 e o meia Julian Draxler ainda não terá completado 25. O goleiro Ron-Robert Zieler chegará à Copa com 29 anos, mas muito dificilmente tomará o lugar do excepcional Neuer, que terá então 32 anos e três meses – ou seja, dois anos e meio a menos do que tem hoje o nosso Júlio César.

Toni Kroos, o meia de 24 anos que foi o grande destaque dos 7 a 1, completou contra o Brasil seu décimo jogo numa Copa do Mundo – quatro em 2010, seis agora em 2014. Thomas Muller, que vai fazer 25 anos em setembro, já tem 12 jogos em Copas – seis na última, seis nesta. Mesut Ozil tem 13 – os sete de 2010 e os seis de 2014.

Neymar, Oscar e Bernard, somados, participaram de 14 partidas da Copa.

A experiência será sempre importante no futebol de alto nível, mas o jogo corrido dos tempos atuais também pede juventude. É obrigação do treinador mesclar jogadores que possam atender às duas exigências.

Dunga convoca Brasil de cara velha

Pode ser que ele mude alguns nomes desta lista para os amistosos com Costa Rica e Estados Unidos quando convocar o time para os jogos contra o Chile e a Venezuela pelas Eliminatórias, mas é evidente que Dunga está esboçando o time com que pretende garantir a vaga na Copa do Mundo de 2018.

Uma ótima novidade na lista divulgada há pouco na CBF é o santista Lucas Lima, meia com virtudes que faltam a outros jogadores testados até agora por Dunga.

Outro bom sinal é a convocação do zagueiro Gabriel Paulista, do Arsenal, que ainda vai fazer 25 anos e rejuvenesce uma lista que inclui trintões em demasia quando se pensa na próxima Copa e não apenas na caminhada até a Rússia: o goleiro Jeferson, o zagueiro Miranda, os laterais Daniel Alves e Luís Felipe, os volantes Fernandinho e Elias, e o meia Kaká.

E ainda se pode lembrar que, em 2018, já terão 30 ou mais anos o goleiro Marcelo Grohe, o zagueiro David Luiz, os volantes Luiz Gustavo e Ramires, o meia Willian e o atacante Hulk.

Ricardo Oliveira, artilheiro do Brasil

Ricardo Oliveira: 10 gols no Brasileirão, 11 no Paulista

Ricardo Oliveira: 10 gols no Brasileirão, 11 no Paulista

Indicá-lo para a Seleção, como fez o técnico Dorival Júnior após os 3 a 0 sobre o Coritiba, talvez seja um exagero, mas não há dúvida de que o santista Ricardo Oliveira é o artilheiro dos artilheiros desta temporada.

Além de liderar a artilharia do Brasileirão, com dez gols, três a mais do que Lucas Pratto e Alexandre Pato, ele foi o artilheiro do Paulistão, com 11 gols.

O paulistano Ricardo Oliveira foi reserva de Adriano e Luís Fabiano na Copa América de 2004 e apenas de Adriano na Copa das Confederações de 2005, e era nome certo na lista de Carlos Alberto Parreira para a Copa do Mundo de 2006, mas sofreu uma grave contusão um pouco antes e nunca mais voltou à Seleção.

Aos 35 anos, completados no dia 6 de maio, talvez esteja um tanto velhinho para voltar agora.

É Dunga aqui ou acolá

A Seleção fará dois jogos em campos norte-americanos no começo de setembro: dia 5, contra a Costa Rica; dia 8, contra os EUA.

Também no dia 8, a seleção olímpica jogará contra a França em Le Mans.

Como Dunga é o técnico das duas seleções, mas não tem o dom da onipresença, Rogério Micale comandará a garotada na França.

Como não falar daquele 16 de julho?

Uma coisa que eu sempre achei muito chata na imprensa esportiva brasileira é o registro anual de que, em 16 de julho de 1950, aconteceu o tal Maracanaço, para desgraça do nosso Barbosa e companhia, ou Maracanazo, para alegria de Alcides Ghiggia, o uruguaio que nos tirou o título mundial e era até poucas horas atrás a única lembrança viva do que se passou em campo naqueles fatídicos 2 a 1.

Pois não é que hoje, 16 de julho, aos 88 anos, Alcides Ghiggia morreu em Montevidéu?

Marcelo fica no Real até 2020

Marcelo: mais cinco anos no Real Madrid

Marcelo: chegou aos 18 e vai ficar mais cinco anos no Real Madrid

O Real Madrid anunciou oficialmente a prorrogação por mais cinco temporadas, até 30 de junho de 2020, do contrato com o brasileiro Marcelo.

Marcelo chegou ao Real com 18 anos, em 2007, foi três vezes campeão espanhol, uma vez campeão europeu e uma vez campeão mundial de clubes.

Tem prestígio de sobra na Europa, embora não tanto por aqui. É claramente um jogador que faz falta à Seleção e foi uma pena que, contundido, não tenha disputado a Copa América.

Há pouco mais de um mês, numa entrevista ao site da Fifa que você pode ler ou ouvir em espanhol , o repórter perguntou a Roberto Carlos, ilustríssimo antecessor de Marcelo no Real Madrid:

– Você criou um estilo de lateral ofensivo totalmente novo, que o mundo não havia visto até então. Quem é o novo Roberto Carlos? Você vê hoje em dia alguém que reúna qualidades como as suas.

O campeão do mundo de 2002 respondeu de primeira:

– Marcelo. É o melhor.

A Argentina ganha na Fifa o que perde em campo

Ganhar um canequinho que é seja nem pensar.

Como todos sabem, embora nunca seja demais rememorar, a seleção argentina completou no dia 4 um jejum de 22 anos sem um título sequer – período em que o Brasil foi duas vezes campeão do mundo, quatro vezes campeão da Copa das Confederações e outras quatro campeão da Copa América.

Já no ranking  da Fifa a Argentina está bem até demais – chegou hoje ao primeiro lugar, à frente da Alemanha campeã do Mundo.

Nem o FBI explica.

Sobre um certo 8 de julho

Brasil x Alemanha Felipão 087xxx

Não é uma lembrança agradável, mas tanto se está falando do 8 de julho de 2014 que resolvi desenterrar – e, em dia de luto, não há palavra mais adequada – alguns pitacos postados naquele época na coluna que escrevia no site Migalhas.

Afinal, pouco ou nada mudou no futebol brasileiro desde aqueles  7 a 1.

Se você tiver curiosidade e paciência, pode acessar as colunas na íntegra clicando aqui.

Se a impaciência com o tema não for grande o bastante para procurar mais o fazer do que ler memórias tão desagradáveis, basta ir rolando a página e conferir os pitacos que escolhi rememorar sobre o 8 de julho e os dias seguintes. Vamos lá:

♦ O jogo que a FIFA viu

Observadores técnicos e estatísticos da FIFA viram assim o jogo Brasil 1 x 7 Alemanha:

Chances de gol – Brasil 55 x 34 Alemanha

Finalizações – Brasil 18 x 14 Alemanha

Passes dentro da área – Brasil 19 x 11 Alemanha

Posse de bola – Brasil 52% x 48% Alemanha

Chutes certos – Brasil 13 x 12 Alemanha

E o mais curioso é que, segundo as estatísticas da entidade, o jogo teve 56min9 de bola corrida. Ou seja: a cada 38 segundos, um dos dois times criava uma chance de gol.

♦ Jovem é a Alemanha, Felipão!

Aparentemente sereno na entrevista coletiva após o vexame brasileiro da terça-feira, Luiz Felipe Scolari invocou o tempo de trabalho e a continuidade como exemplos para o sucesso da seleção alemã na Copa e acenou com um futuro igualmente luminoso para o Brasil, afirmando que “teremos 12, 13 ou 14 jogadores deste grupo preparados para a Copa de 2018”.

Na verdade, dos 23 jogadores de Felipão, somente Neymar, Oscar e Bernard terão menos de 30 anos na Copa que será disputada na Rússia. Farão 30 anos em 2018 o lateral Marcelo, o volante Paulinho e o meia Willian. O zagueiro David Luiz, destaque de 2014 apesar da atuação atabalhoada contra a Alemanha e candidato a líder da nova geração, e os volantes Luiz Gustavo e Ramires já terão feito 31 anos.

♦ Renovação é com a Alemanha

Não terão ainda 30 anos na Copa de 2018 os titulares Boateng, Hummels, Ozil, Muller, Kroos. Quase sempre titular agora, Goetze terá 26 anos. Hoewedes, se for à Rússia, lá desembarcará com 30 anos. Khedira terá feito 31 dois meses antes da abertura. Reservas que foram utilizados por Joachim Low no Brasil, o zagueiro Shkodran Mustafi terá 26 anos, o volante Christoph Kramer terá 27 e o meia Julian Draxler ainda não terá completado 25. O goleiro Ron-Robert Zieler chegará à Copa com 29 anos, mas muito dificilmente tomará o lugar do excepcional Neuer, que terá então 32 anos e três meses – ou seja, dois anos e meio a menos do que tem hoje o nosso Júlio César.

Toni Kroos, o meia de 24 anos que foi o grande destaque dos 7 a 1, completou contra o Brasil seu décimo jogo numa Copa do Mundo – quatro e m 2010, seis agora em 2014. Thomas Muller, que vai fazer 25 anos em setembro, já tem 12 jogos em Copas – seis na última seis nesta. Mesut Ozil tem 13 – os sete de 2010 e os seis de 2014.

Neymar, Oscar e Bernard, somados, participaram de 14 partidas da Copa.

♦ Que vergonha, gente!

É verdade: o árbitro argelino Djamel Haimuidi presenteou os holandeses, aos dois minutos de jogo, ao transformar em pênalti a falta cometida por Thiago Silva em Robben fora da área.

É verdade: De Guzmán estava impedido ao receber a bola de Robben e cruzar para David Luiz dar uma preciosa assistência que Blind agradeceu para fazer 2 a 0 aos 16 minutos.

É verdade: aos 34 minutos, o cegueta argelino também não viu o agarrão de Vlaar em David Luiz dentro da área e, portanto, roubou ao Brasil a chance de fazer 1 a 2. E, aos 20 do segundo tempo, não viu o zagueiro holandês usar o braço para cortar uma bola na área.

É igualmente verdade que o quarto lugar em 2014 é uma posição melhor do que o Brasil alcançou nas Copas de 1966 (com Pelé, Garrincha, Gerson, Tostão e Jairzinho, entre outros, no grupo), 1982 (com Edinho, Junior, Falcão, Zico e Sócrates), 1986 (com Edinho, Junior, Sócrates, Zico, Careca, Muller e Casagrande), 1990 (com Taffarel, Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes, Dunga, Muller, Careca e Romário), 2006 (com Cafu, Roberto Carlos, Juninho Pernambucano, Robinho, Ricardinho, Ronaldinho Gaúcho, Fred e Ronaldo) e 2010 (com Julio Cesar, Daniel Alves, Maicon, Ramires, Kaká, Luís Fabiano e Robinho). E é a mesma colocação alcançada pelo Brasil de Leão, Carpegiani, Rivellino, Paulo César Caju e Jairzinho na Copa de 1974.

Nenhuma destas verdades apaga, porém, a vergonha de termos perdido em casa por 3 a 0 para a Holanda no sábado, 12, oito dias depois de sermos goleados por 7 a 1 pela Alemanha. Vergonha maior o futebol brasileiro jamais viveu. Nem igual. É a pura verdade.

♦ Mistério

Acaba a Copa do Mundo, ficará a dúvida: onde ficou o futebol instigante e intenso da Seleção na Copa das Confederações? Como aquele Brasil compacto, organizado e insistente no ataque virou este bando dividido em linhas estanques, nervoso e cheio de pressa para se livrar da bola, como vimos em tantos momentos dos cinco primeiros jogos e quase sempre no duplo vexame diante da Alemanha e da Holanda?

Por que diabos a Seleção não conseguiu resgatar aquele futebol de um ano atrás que nos deu, mais do que a esperança, a convicção de que éramos favoritos ao título mundial, mesmo sabendo que a Alemanha viria ao Brasil com um time tecnicamente superior a todos os adversários?

♦ O que fazer?

São tantas as análises, os meros palpites, as boas e más intenções, os interesses dissimulados ou ostensivos publicados nos últimos dias sobre o que fazer com o futebol brasileiro nos próximos tempos que mal consigo digeri-los e processá-los.

Esta é uma discussão e uma tarefa de todos os brasileiros que se interessam pelo futebol. Foi a sociedade que o criou e tantas vezes o reinventou pelos campos do Brasil afora. É, portanto, a nação que pode salvá-lo mais uma vez – e não cartolas ou os governantes.

Agora que se deu a tragédia, poupo você de mais pitacos.

De qualquer maneira, se quiser ler uma palhinha do que penso sobre o assunto, dê uma olhadinha na coluna A Copa do Mundo é nossa. E daí?, publicada em 14 de abril. Para lê-la, clique aqui. Se lhe sobrar paciência, clique aqui para ler também a última coluna escrita em 2010 – A Copa do Mundo é nossa.

♦ Fim de papo

Se alguém tivesse dito que ganharíamos por 7 a 1, eu não teria acreditado, mas achei que fomos incríveis, é tudo o que posso dizer. Viemos aqui para ser campeões, estamos felizes e aliviados por seguir adiante, mas ainda falta um jogo. Ninguém ganhou a Copa do Mundo numa semifinal. 

TONI KROOS, protagonista da Alemanha que impôs à Seleção Brasileira o maior vexame em um século de história

A gente pode até dizer que sai meio perdido, né?

RAMIRES, camisa 16 do Brasil, perdidinho da silva após a derrota por 3 a 0 para a Holanda, em entrevista a Mauro Naves, da Globo.

Você não imagina quem vai salvar o nosso futebol

Nem todos os citados na nota Em busca da salvação, CBF reconvoca demitidos, a terceira abaixo, compareceram à primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Estratégico do Futebol Brasileiro na CBF, mas a ausência de Mano Menezes, Emerson Leão e Vanderlei Luxemburgo certamente foi compensada pela presença ilustre de Ernesto Paulo.

Não sabe quem é? Na última década, foi técnico do Ameriquinha, da Cabofriense, da seleção olímpica da Arábia Saudita, do Campo Grande, do Juventus (de Santa Catarina), do Veranópolis e do União da Madeira (da terceira divisão de Portugal).

Mais do que o currículo tão variado desses anos, sua presença na reunião de hoje valeu pela enorme bagagem que acumulou como treinador da Seleção Brasileira. Foi ele que, entre os mandatos de Paulo Roberto Falcão e Carlos Alberto Parreira, comandou a Seleção no amistoso de 11 de setembro de 1991 com o País de Gales em Cardiff.

Resultado: País de Gales 1 x 0 Brasil. E aquele Brasil tinha Taffarel, Jorginho, Cafu, Márcio Santos, Mauro Silva e Bebeto, que viriam a ser campeões do mundo em 1994 sob o comando de Parreira.

A presença de Ernesto Paulo na reunião desta segunda-feira na CBF garante o “desenvolvimento estratégico do futebol brasileiro”.