Governo esquece convite a Ana Moser

Elegante como sempre, sem um sinal sequer de desencanto, Ana Moser deixa claro, em texto publicado hoje no Blog do Juca Kfouri, que o propalado convite para que ela assumisse a presidência da Autoridade Pública Olímpica, uma espécie de consórcio administrativo formado pelos governos federal e estadual e pela prefeitura do Rio,  era mais marketing político do que efetiva ação  governamental.

Dois trechos mostram a verdade. O primeiro, logo na abertura:

  • “Há algumas semanas fui convidada pelo governo, através do Ministro da SECOM (Secretaria de Comunicação Social), para assumir a direção da APO com o foco no desenvolvimento de uma proposta de Legado Social e Esportivo para a Olimpíada.”

O segundo trecho pede uma explicação, pois se refere a um antigo e-mail enviado por ela aos delegados do COI que escolheram o Rio como sede das competições olímpicas em 2016. Ana Moser “entendia que, ao assumir a responsabilidade de organizar uma Olimpíada sem que tivéssemos uma ampla base de praticantes, o esporte para as pessoas comuns seria colocado num segundo plano e a concentração de recursos e poder em torno do esporte de elite seria muito maior.”

O e-mail foi usado como arma contra ela por muita gente incomodada com a escolha de uma das mais respeitadas figuras do esporte brasileiro para comandar a APO da Rio-16. Resultado, segundo o texto de Ana Moser:

  • “Esta polêmica criou um clima político adverso que fez com que o meu convite inicial para a APO não se concretizasse.”

É curioso: o governo que quer mudar o futebol por meio de uma Medida Provisória não tem autoridade para impor suas escolhas a um organismo público.

Ou será que a propalada escolha de Ana Moser era mero exercício de comunicação social?

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