
Doriva: semana complicada
A cinco dias de fazer 43 anos, Dorival Guidoni Júnior, paulista da pequena Nhandeara, está vivendo no Rio de Janeiro as primeiras agruras como treinador de futebol e precisa conduzir o seu Vasco a uma vitória sobre o Internacional às 18h30 deste sábado, dia 23, para não sair de São Januário de mal com a torcida que, há três semanas, o saudava como comandante do campeão carioca.
Depois de quatro empates seguidos, dois pelo Brasileirão, dois pela Copa do Brasil, três deles por 0 a 0, não falta vascaíno disposto a apupar o ‘retranqueiro’ que deu forma ao Ituano campeão paulista de 2014 e a este Vasco que, depois do título carioca, tem como aspiração mais viável em 2015 escapar do retorno à Segundona em 2016.
Doriva vai fazendo competente sua parte no esforço para manter o Vasco pelo menos naquela parte cinzenta da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro em que não estão os candidatos a uma vaga na Libertadores nem os condenados ao rebaixamento. Com alguma sorte, dá até para sonhar com uma vaga na Copa Sul-Americana.
Ele não escolheu o time que está treinando, não bate nem desperdiça pênaltis, não chuta a gol e, portanto, pode se dar por satisfeito quando vê o Vasco dominando os jogos, embora o domínio não se reflita no placar. E seu trabalho conta até agora com o reconhecimento do presidente Eurico Miranda, que tem muitos defeitos, mas não o de se intrometer no dia a dia dos treinamentos.
Doriva é o 12º treinador a tentar dar um jeito no Vasco de 2010 para cá – e o segundo a conquistar um caneco; o outro foi Ricardo Gomes, campeão da Copa do Brasil em 2011.
Por que diabos, então, Doriva vive seus primeiros dias de agruras como treinador empregado em um grande clube?
Como não é bobo, o jovem treinador já deve ter sacado que as limitações do elenco vascaíno, exceção feita ao goleiro Martín Silva e a alguns jovens promissores que ele pouco tem escalado nos jogos importantes, vão afligi-lo até o fim da temporada e progressivamente aumentarão a impaciência dos nunca pacientes torcedores vascaínos.
Se não bastassem os problemas caseiros, o técnico do Vasco ainda teve de conviver nos últimos dias com uma inoportuna proposta do Grêmio para trocar o Rio por Porto Alegre e um timinho fraco por outro. Resolveu ficar onde está, mas certamente perdeu a concentração para o jogo tão importante desta noite contra os reservas do Internacional.
Além de não conseguir o que queria, o cartola gremista Romildo Bolzan atrapalhou o trabalho de Doriva e, atrapalhado como todo bom cartola, acabou ajudando o Inter. Os colorados agradecem.