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Colômbia costura, Venezuela arremata e vence

Algo está mudando muito recentemente no futebol, sem que se tenha dado até agora a devida atenção ao fenômeno: a posse de bola nem sempre significa o domínio real do jogo e, principalmente, a vantagem no placar.

Nesta Copa América, já se viu o fenômeno no 2 a 2 entre Argentina e Paraguai e se reviu, há pouco, no surpreendente 1 a 0 da Venezuela sobre a Colômbia, a primeira zebra inquestionável da competição.

A Colômbia teve 64% de posse de bola, mas a Venezuela fez o goleiro Ospina trabalhar muito mais do que Baroja e, pela primeira vez na história da Copa América, sai da estreia com uma vitória.

Como já se tinha visto em alguns jogos da Liga dos Campeões da Europa, mais do que ficar muito tempo com a bola nos pés está valendo fazê-la chegar à zona de conclusão. Vence o time que chuta a gol, não o que costura, costura, mas não arremata.

O Brasil deve se mirar no exemplo de Dunga

Dunga: tricampeão da Copa América

Dunga: tricampeão da Copa América

Depois de vencer os dez amistosos disputados desde que ele reassumiu o comando técnico da equipe, Dunga começa hoje uma nova e decisiva fase do trabalho que se destina à recuperação do prestígio do futebol brasileiro na Copa do Mundo de 2014.

Vencer a Copa América no Chile não é imprescindível, mas lhe seria de grande valia para continuar trabalhando com tranquilidade a Seleção que ele vem renovando aos poucos. Fazer uma boa campanha, no entanto, é quase uma obrigação.

Para o começo dos trabalhos, o  adversário de hoje em Temuco, às 18h30 daqui, é bastante amigável, embora Guerrero e companhia menos ilustre venham prometendo atazanar a vida dos brasileiros.

O Peru é um velho e frequente freguês da Seleção. Em 39 jogos entre as duas seleções, o Brasil venceu 27, empatou nove e perdeu apenas três, marcou 83 gols e sofreu 27.

Na última vez que enfrentou a seleção peruana como jogador, pela Copa América de 1997, o capitão Dunga saiu de campo com uma vitória por 7 a 0.

É claro que ninguém espera hoje um placar tão elástico, mas a expectativa de toda a torcida brasileira é de um bom começo, com a Seleção mostrando em campo muito mais do que mostrou nos amistosos contra o México e Honduras.

Começar bem é fundamental para que este time que tem um único campeão da Copa América – o recém-chegado Daniel Alves, autor de um dos gols nos 3 a 0 sobre a Argentina na final de 2007 – possa fazer uma boa campanha no Chile.

Se faltam campeões em campo, basta aos jogadores olhar para o banco e lá verão um tri da Copa América – o próprio Dunga, campeão como jogador em 1989 e em 1997 e como técnico em 2007.

Agora é entre eles: Argentina x Uruguai

Uruguai x ArgentinaGrupo da morte: Uruguai de Cristian Rodríguez vence, Argentina de Messi empata

O Uruguai de Cristian Rodríguez fez menos do que se poderia esperar diante da Jamaica num jogo de muitos chutões, pouca organização e nenhuma criatividade que só conseguiu animar o pequeno público de 8.653 pagantes quando a bola caía na arquibancadas e os torcedores passavam a tocá-la com mais carinho do que o mostrado em campo pelos jogadores.

Cristian Rodríguez marcou o gol da vitória aos 7 minutos do segundo tempo e o 1 a 0, por mais incrível que possa parecer, foi o bastante para dar ao Uruguai a liderança do Grupo B da Copa América.

Pois não é que, depois de Uruguai 1 x 0 Jamaica em Antofagasta, tivemos Argentina 2 x 2 Paraguai em La Serena?

É isso mesmo: Argentina 2 x 2 Paraguai! E a Argentina de Messi e Agüero fez 2 a 0 no primeiro tempo, com um gol de cada um, passando a impressão de que o amplo domínio se traduziria numa acachapante goleada ao final do jogo.

Não foi o que se viu no segundo tempo.

Embora a bola tenha ficado muito mais em pés argentinos, os paraguaios escancaram os renitentes problemas defensivos da equipe comandada por Tata Martino e, em sucessivos contra-ataques, foram minando a confiança dos vice-campeões do mundo e chegaram ao empate, com gols de Valdez e Lucas Barrios.

Ficou animado o Grupo B, que boa parte da mídia já vinha chamando de grupo da morte.

Na terça-feira, dia 16, em La Serena, teremos um jogo decisivo para as pretensões de Messi e companhia na Copa América: Argentina x Uruguai.

Para os uruguaios, um empate estará de ótimo tamanho. Para os argentinos, não vencer será praticamente a morte.

É uma ironia que Suárez não dispute a Copa América

Suárez e Chiellini 136Um ano depois de morder Chiellini na Copa do Mundo, Suárez não pode jogar a Copa América

O Uruguai fez quatro jogos na Copa do Mundo de 2014: perdeu para a Costa Rica, venceu a Inglaterra e a Itália na primeira fase, e perdeu para a Colômbia nas oitavas de final.

Terá sido mera coincidência que tenha contado com Luis Suárez nas duas vitórias e jogando sem o maior craque uruguaio das últimas décadas nas duas derrotas?

O Uruguai é o atual campeão da Copa América, tendo conquistado o título de 2011 na Argentina, que Suárez e companhia trataram de tirar da competição logo nas quartas de final.

Vice-artilheiro e melhor jogador em 2011 da mais antiga competição entre seleções de futebol em todo o mundo, o uruguaio Luis Alberto Suárez Díaz tem 28 anos, idade que costuma marcar o apogeu técnico dos grandes craques.

Seria certamente candidato ao troféu de craque da Copa América de 2015, apesar da concorrência nada desprezível do argentino Messi, do brasileiro Neymar, seus parceiros no Barcelona, e do colombiano James Rodríguez, seu rival do Real Madrid.

Acontece que Luisito Suárez, o extraordinário atacante que tanto faz gols como os oferece em precisas assistências aos companheiros de time, não vai disputar a Copa América no Chile.

Suárez está proibido pela Fifa de jogar com a camisa uruguaia, para alegria dos jamaicanos, que daqui a pouco enfrentarão atuais campeões, e em seguida de argentinos e paraguaios, sem contar os adversários que possam vir a partir das oitavas de final.

Lembra-se?

Na Copa de 2014, já no final do 1 a 0 sobre a Itália, num entrevero com o zagueiro Chiellini, Suárez mordeu o seu ombro e, como não era a primeira fez que cometia gesto tão primitivo em campo, foi julgado pelo comitê disciplinar da FIFA, embora o juiz da partida não tenha sequer visto o lance, e suspenso por nove jogos da seleção em competições internacionais, entre outras penas igualmente exageradas.

E assim Suárez pode ser campeão europeu pelo Barcelona, mas não pode defender o título americano de seleções pelo Uruguai.

Sai perdendo não somente a seleção uruguaia, mas a Copa América.

Não deixa de ser uma ironia histórica que uma mordida num adversário tire dos campos um dos maiores craques da atualidade nesses dias em que o FBI escancarou para o mundo que a grossa flor da cartolagem também vivia de morder. Em sentido figurado, claro.

Clodoaldo e a alegria de voltar à Seleção

Clodoaldo: foto para o pai de Fernandinho - Foto: Rafael Ribeiro / CBF

Clodoaldo: pose para o pai de Fernandinho – Foto: Rafael Ribeiro / CBF

Clodoaldo Tavares de Santana, chamado agora para atuar como seu “auxiliar pontual” da comissão técnica durante a preparação do time para a Copa América, está voltando nesta sexta-feira para Santos, feliz da vida com a experiência:

– Desde que fui chamado pelo Gilmar e pelo Dunga, passei a viver a ansiedade de me apresentar à Seleção Brasileira. Ao voltar para casa agora, depois de 12 dias de convívio, posso dizer que vivi momentos de realização e orgulho por ter feito parte desse grupo.

Humilde como sempre, o volante do tri e eterno santista, contou ao site da CBF antes de retornar:

– O Fernandinho veio me cumprimentar e contar que o pai dele era meu fã. E que o sonho dele era ver o filho um dia jogando como eu. Pediu para tirar uma foto, que ia mandar para o pai. Isso não tem preço, me deixou orgulhoso.

Tomara que Fernandinho realize o sonho do pai. Clodoaldo jogava muito.

Chile abre a Copa América vencendo o Equador

Bachelet e seleção do ChileMichelle Bachelet festeja com jogadores a vitória chilena – Foto: Twitter@GobiernodeChile

A seleção chilena, que vem sendo pacientemente armada há três pelo argentino Jorge Sampaoli, sofreu um pouco, mas acabou vencendo com inteira justiça o Equador por 2 a 0 na abertura da Copa América, agora à noite, no Estádio Nacional de Santiago.

Um dos principais candidatos ao título, que jamais conquistou, da mais antiga competição entre seleções do futebol mundial, o Chile dominou o jogo e mostrou que pode dificultar a vida de Argentina e Brasil, as seleções que puxam a fila dos favoritos.

Vai depender muito do comportamento de sua defesa, que no jogo desta noite não teve problemas a enfrentar.

Os próximos adversários, o México quase todo reserva e a Bolívia, também não devem criar problema, e assim o Chile terá toda esta primeira fase para azeitar suas linhas e encarar, em seguida, a mata-mata das fases finais.

Arturo Vidal lidera o Chile nos 2 a 0 sobre o Equador

Arturo Vidal lidera o Chile nos 2 a 0 sobre o Equador

Era fundamental vencer na estreia e, liderado por Arturo Vidal, destaque do meio de campo da Juventus, chegou aos 2 a 0 no segundo tempo.

O primeiro gol foi do próprio Vidal, cobrando pênalti que ele mesmo sofreu, e o segundo foi de Eduardo Vargas, que substituiu o apagado Beausejour nos 45 minutos finais.

A vitória foi celebrada nos vestiários com a presidente chilena Michelle Bachelet, que depois fez questão de postar a foto com os jogadores na conta do governo no Twitter.

Vidal ganhou motivação extra para repetir o que disse ao se apresentar para a disputa desta Copa América:

– Essa é a melhor geração chilena. Sim, falta ganhar algo importante, mas acho que é esse o momento.

Pode ser. Seria mais fácil, porém, se a geração atual tivesse um dom Elias Figueroa, o maior jogador chileno que já vi nos campos de futebol, para reinar soberanamente nas cercanias da grande área.

Eles não sabem o que é ganhar uma Copa América

Messi e Neymar 116Multicampeões pelo Barça, Messi e Neymar brigam por primeiro título da Copa América

Os dois ganharam tudo o que disputaram com o Barcelona e agora, um com a camisa da Argentina e o outro com a do Brasil, vão buscar em campos do Chile fechar a temporada com o título de campeão das Américas.

Será a terceira Copa América de Lionel Messi, que foi campeão mundial Sub-20 e campeão olímpico pela Argentina, mas ainda se deve um título com a seleção.

Em sua primeira Copa América, a de 2007, disputada na Venezuela, Messi perdeu o título para o Brasil de Dunga por um placar acachapante na final: 3 a 0.

Em sua segunda tentativa, a Copa América de 2011, em Buenos Aires, Messi não fez um gol sequer e a Argentina caiu fora da disputa nas quartas de final, eliminada pelo Uruguai na cobrança de pênaltis.

Na terceira tentativa, de novo ao lado de Mascherano e Tévez, Messi começará enfrentando paraguaios, uruguaios e jamaicanos.

A única Copa América disputada por Neymar foi a de Buenos Aires. O Brasil também acabou eliminado nas quartas de final, igualmente nos pênaltis, pelo Paraguai. Em compensação, dois anos depois, Neymar conquistaria com a Seleção o título da Copa das Confederações.

Messi precisa, pois, mais do que Neymar vencer a Copa América que começa nesta quinta-feira, às 20h30 do Brasil, com o jogo Chile x Equador. E a Argentina é generalizadamente considerada a favorita.

Dunga discorda, como deixou claro após o 1 a 0 de ontem sobre Honduras, colocando os argentinos atrás dos anfitriões na ordem de favoritismo, embora à frente do time que ele comanda:

– Brasil e Uruguai vêm logo atrás.

Estará nos pés de Neymar a chance de chutar o favoritismo para o alto, começando pelos jogos contra o Peru, a Colômbia e a Venezuela.

A disputa entre os craques do Barcelona terá uma dose extra de emoção garantida por uma tabela muito generosa com o Chile: se Brasil e Argentina fecharem no primeiro lugar de seus respectivos grupos a primeira fase da competição, só um chegará à final.

Passando pelas quartas, Neymar e Messi se enfrentarão obrigatoriamente nas semifinais.

Eles sabem como é perder uma Copa América

Quarteto Montagem 116Alex, Juninho, Belletti e Denílson: dos gramados em 2001 para os estúdios em 2015

Será curioso acompanhar na TV o trabalho de Belletti, Juninho Pernambucano, Alex e Denilson como comentaristas da Copa América.

Nos tempos em que dava trato à bola dentro do campo, o ilustre quarteto estava no time que perdeu para Honduras por 2 a 1 na Colômbia e caiu fora da Copa América de 2001 já nas quartas de final.

Foi a única derrota do Brasil diante dos hondurenhos em toda a história do futebol.

O quarteto embute uma dupla que também sabe o que é ganhar uma Copa América: Denílson foi campeão em 1997; Alex, em 1999 e em 2004.

O futebol ficou para os campos do Chile

Firmino: gol no Beira-Rio

Firmino: gol no Beira-Rio

Um golzinho só, e não foi de Neymar, que jogou só os 45 minutos do segundo tempo, se divertiu um pouco, mas quase não levou perigo ao gol de Valladares.

Firmino, mais uma vez, fez o seu e continua dando sinais de que acabará ganhando seu lugar entre os titulares. Foi tudo: Brasil 1 x 0 Honduras.

Mais treino do que jogo foi o que se viu no Beira-Rio, como parece ter intuído a torcida gaúcha, tanto que o público foi de apenas 22.305 pagantes.

E, no finalzinho, ainda sobraram algumas vaias, um tanto tímidas, para a Seleção.

Espera-se que o time mostre muito mais na Copa América, que começa nesta quinta-feira com o jogo Chile x Equador no Estádio Nacional de Santiago.

O Brasil estreia no domingo, contra o Peru.

Hoje tem Neymar no Beira-Rio. E basta.

Neymar autografa camisa do filho de D'Alessandro - Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Neymar autografa camisa do filho de D’Alessandro – Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Neymar defenderá hoje no Beira-Rio, a partir das 22 horas, uma invencibilidade de 22 jogos com a camisa da Seleção em campos brasileiros.

São 17 vitórias e cinco empates nos quais marcou 16 dos 43 gols que o colocam como o quinto maior artilheiro da Seleção em jogos reconhecidos como oficiais pela Fifa.

Neymar está, pois, a cinco gols do quarto lugar, que hoje é de Zico, com 48.

O adversário da noite, no último jogo de preparação do Brasil para a Copa América, é Honduras, 75ª colocada no ranking de seleções da Fifa.

O maior feito da seleção hondurenha é ter participado de três Copas do Mundo. Estreou na Copa de 1982, com um surpreendente empate por 1 a 1 com a anfitriã Espanha. De lá para cá, jogou outras oito vezes, não venceu nenhuma. Em 2014, no Brasil, perdeu os três jogos.

Alguém duvida de que Neymar encurtará a distância para Zico logo mais?

Nem os torcedores de outros times e seleções.

Um exemplo da admiração generalizada pelo craque brasileiro: o goleiraço Buffon, antes de perder o título de campeão europeu para o Barcelona, confessou que um de seus filhos estava torcendo por Neymar.

Outro: nestes poucos dias de concentração em Viamão, Neymar recebeu a visita do argentino D’Alessandro, ídolo do Internacional, que levou o filho Santino, vestido com a camisa 11 do Barça, para pegar seu autógrafo.

O mundo da bola torce por Neymar.

Dunga já avisou que ele não vai trabalhar em tempo integral na noite desta quarta-feira, pois precisa recompor parte da energia despendida nos últimos dias na final da Liga dos Campeões da Europa e nas comemorações pela conquista do título, mas ele não precisa de muito tempo para fazer um ou dois golzinhos em Honduras, né?

É até bom para a Seleção que Neymar guarde a fome de gols para a Copa América. O Brasil vai precisar muito deles, pois no Chile a favorita é a Argentina de Messi. Essa, porém, é uma conversa para os próximos dias.

Hoje tem Neymar no Beira-Rio. E basta.