
Gabriel Jesus, 18 anos: revelação do Palmeiras enfrenta hoje o Joinville
Dizem por aí que o futebol brasileiro acabou. Não revela mais ninguém. É Neymar e nada mais.
Os palmeirenses não concordam e invocam o santo nome de Gabriel Jesus.
Poderiam invocar igualmente o tricolor Nelson Rodrigues, que escreveu em 1958, pensando na desacreditada Seleção Brasileira que ganharia a Copa do Mundo:
A pura, a santa verdade é a seguinte: qualquer jogador brasileiro, quando se desamarra de suas inibições e se põe em estado de graça, é algo de único em matéria de fantasia, de improvisação, de invenção. Em suma: temos dons em excesso. E só uma coisa nos atrapalha e, por vezes, invalida as nossas qualidades. Quero aludir ao que eu poderia chamar de “complexo de vira-latas”. Estou a imaginar o espanto do leitor: “O que vem a ser isso?”
Eu explico.
Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade.
Os acometidos pelo mal diagnosticado há mais de meio século pelo profeta Nelson Rodrigues não precisam de tratamento. Podem se curar com uma visita ao Allianz Parque às 16 horas deste domingo ou até mesmo em casa, diante de um aparelho de tevê, com os olhos postados no futebol sinuoso, tanto quanto incisivo, do garoto de 18 anos com nome de anjo e divindade.
Há muito tempo, a torcida do Palmeiras pede Gabriel Jesus no time. Em vão. No máximo, o implacável goleador das divisões de base ganhava uns poucos minutos em campo no final de alguns jogos já decididos. A história mudou com a chegada de Marcelo Oliveira, como revela Cosme Rímoli em seu blog no R7.com:
Os empresários do garoto, Fabio Caran e Cristiano Simões, não se conformavam em ver Maikon Leite, Rafael Marques, Cristaldo e Leandro Pereira no ataque. Quando Alecsandro e Lucas Barrios foram contratados, chegaram à conclusão de que era melhor negociá-lo. Mas um homem evitou o desperdício.
Marcelo Oliveira chamou Gabriel Jesus para uma longa conversa. O técnico trabalhou por anos na base do Atlético Mineiro. E sabe valorizar jovens talentos. Apesar de não estar no DNA do Palmeiras apostar nos seus garotos, o treinador deixou claro que, com ele, iria jogar. Desde que continuasse treinando tão bem, com tanta dedicação. Pouco importaria o dinheiro gasto por Paulo Nobre para buscar outros atacantes rodados.
E tudo indica que Gabriel Jesus entrou no time titular para não mais sair. Depois de estraçalhar o Cruzeiro nos 3 a 2 que garantiram o Palmeiras nas quartas de final da Copa do Brasil, com dois gols e uma assistência, enfrenta hoje o Joinville no jogo que pode até valer vaga no G-4 do Brasileirão.
Com certeza, vale a pena conferir.
Se você acredita que o futebol brasileiro continuará revelando craques por muitas e muitas temporadas, vai curtir. Se você acha que o futebol brasileiro já era, talvez comece a se curar do complexo de vira-latas.