É difícil entender por que o Brasil desistiu de fazer no segundo tempo a marcação mais à frente que lhe dera maior posse de bola e obrigara tantas vezes o Chile a se encolher em seu campo para procurar o ataque quase sempre em bolas esticadas para a direita nos espaços abertos pelos avanços do lateral Marcelo.
Foi até surpreendente ver o Brasil de Dunga bem agrupado, sem espaços vazios entre as linhas de defesa e ataque, insistindo em tocar a bola de pé em pé, só muito raramente apelando para os chutões dos zagueiros.
É verdade que por muito pouco o Chile não fez 1 a 0 num chute venenoso de Alexis Sánchez que desviou no poste direito de Jeferson, mas o Brasil atacou bastante, sempre liderado tecnicamente por Willian, e maior sucesso poderia ter alcançado se Oscar, fazendo o papel que é de Neymar, não estivesse tão acanhado em campo.
No segundo tempo, curiosamente, Oscar se soltou mais, mas o Brasil resolveu se prender na defesa e apostar nos contra-ataques. Jorge Sampaoli, ainda no primeiro tempo, tinha substituído por Mark González e o Chile passou a atacar também pelo setor de Daniel Alves.
Como tantas vezes vimos nos amistosos depois da Copa do Mundo e nos jogos da Copa América, a Seleção foi se dividindo em setores estanques e cedendo espaços entre suas linhas para a livre e insinuante movimentação do bom time chileno.
A impressão, desde que a bola voltou a rolar no Estádio Nacional, era de que o gol chileno poderia sair a qualquer momento. E saiu aos 27 minutos com um toque de primeira do esperto Vargas em bola esticada na cobrança de uma falta lá do Pacífico.
Os 2 a 0, aos 44 minutos, com assinatura de Aléxis Sanchez após uma após uma tabelinha com Vidal entre brasileiros mais ou menos atarantados à frente da área foi mera consequência do que se viu durante todo o segundo tempo.
A Seleção desistiu de jogar, achando que o 0 a 0 seria bom negócio, o Chile resolveu se impor.
Vamos torcer para que os 45 minutos iniciais do Brasil em Santiago não tenham sido ilusão passageira.
O problema é que Dunga achou que “o jogo foi muito parelho”:
– O gol mudou tudo – disse, na entrevista coletiva.
Parece que não viu o segundo tempo. O jogo mudou e, por isso, o Chile chegou ao gol – aos gols, aliás.