Se o Palmeiras tem algo para comemorar nesta temporada, é a comunhão entre a torcida e o clube.
Desde que ganhou casa nova, a torcida palmeirense recobrou o sentimento de grandeza dos tempos da Academia do regente Ademir da Guia e mais recentemente das sucessivas levas de grandes times em redor de ídolos como Edmundo, Roberto Carlos, César Sampaio, Zinho, Evair, Rivaldo, Djalminha, Alex e Marcos, e lota o Allianz Parque na esperança de se reencontrar com as glórias perdidas.
Vã esperança, porém, pelo menos até agora. A comunhão entre torcida e clube não se reproduz entre torcida e time.
O time atual, ainda em formação, é muito inconstante e pouco confiável. Dá aos torcedores alegria em dose dupla, limando o Corinthians do Paulistão e depois o abatendo no Brasileirão, mas fraqueja ao decidir o título estadual com o Santos e faz um campanha medíocre na competição nacional, como bem retrata o empate em casa por 1 a 1 com um Internacional desfalcado de vários titulares.
A torcida novamente fez sua parte na noite da quinta-feira, 5 de junho: 36.199 pessoas pagaram mais de R$ 2.3 milhões na esperança de ver Robben e Ribéry estraçalhando o Inter meio reserva em ataques sucessivos pelas beirada do campo, como prometera o treinador Oswaldo de Oliveira, mas saíram frustradas com a inoperância ofensiva de Dudu e Kelvin.
Se a dupla Robben-Ribéry faz falta ao Bayern de Pep Guardiola, imagine-se ao Palmeiras de Oswaldo de Oliveira…
Oswaldo, que fez a bem humorada comparação ao anunciar a escalação para enfrentar o Inter, talvez não se dê conta de que está exacerbando os sonhos de grandeza dos palmeirenses e, não tão bem humorado depois do 1 a 1, jogou a frustração da torcida no colo dos analistas:
– Quando não conseguimos a vitória, sempre falta finalização, falta infiltração. Se tivesse terminado por 1 a 0, não faltaria nada. É por aí que se faz análise dos jogos…
O problema é que o Palmeiras não consegue vencer um jogo do Brasileirão no Allianz Parque desde o ano passado. Portanto, nunca venceu um jogo do Brasileirão no Allianz Parque.
Em 2014, fez dois jogos: ao inaugurar a nova casa, perdeu para o Sport por 2 a 0 na 35ª rodada; na rodada final do Brasileirão, empatou com o Atlético Paranaense por 1 a 1. Robben e Ribéry ainda nem tinham sido contratados.
Em 2015, já com os jovens Dudu e Kelvin no elenco e antes do 1 a 1 da quinta-feira com o Internacional, havia empatado com o Atlético Mineiro por 1 a 1 na primeira rodada e perdido para o Goiás por 1 a 0 na terceira.
Este blog ousa, então, repetir o conselho que deu no título de uma nota publicada no dia 9 de maio, após o jogo da primeira rodada: Palmeiras precisa trocar fantasia por mais trabalho.