Meu amigo Carlos Moraes, corintiano de uma espécie que só brota no Pampa Gaúcho, me mandou hoje um carinhoso e-mail com a indisfarçada preocupação de me consolar antecipadamente pelas agruras que, mais uma vez, aguardam o Vasco ao fim da temporada futebolística:
Pois, companheiro, ontem, quando o São Paulo arremeteu, comecei a torcer pelo Vasco. Se bem que isso de títulos nem faz parte da nossa essência. Para provar, te mando essa rezinha que fiz para um livro sobre os 100 anos do Timão.
E anexou a Oração dos 100 anos, como se o estilo refinado e a afinidade com os céus pudessem servir de consolo a um vascaíno a esta altura do Brasileirão:
Ao terminar este livro e esta parte da história, queremos Te pedir, Senhor, alguma coisa grande e preciosa para este segundo século de Corinthians.
Mas nós não vamos Te pedir tanto isso de títulos, vitórias, copas e honrarias.
Cem anos de Corinthians já nos ensinaram que isso não é o mais importante.
Nós hoje só queríamos Te pedir o mais importante: que o Corinthians continue para sempre sendo o que tem sido em nossas vidas: simplesmente o Corinthians, esta misteriosa fraternidade que nos une, esta inesgotável fidelidade que tudo enfrenta, este sonho que não se explica, feito que é de várzea e esperança.
Isso te pedimos pela força de São Jorge, nosso padroeiro, em memória de Elisa, nossa madrinha, e em nome dos milhões de devotos e mártires anônimos que, movidos a fé e sanduíche de pernil, pelos tempos vindouros hão de continuar lotando os estádios com seus cantos e bandeiras em busca de uma coisa maior e mais luminosa que eles nem sabem direito o que é, mas que neste mundo não hesitam em chamar: Corinthians.
Amém.
Se este vascaíno tivesse a fé que move o corintiano Carlos Moraes, rezaria simplesmente:
Livrai-nos da Segundona, Senhor.
Amém.